quinta-feira, 24 de maio de 2012

Produtores aderem ao "feijão safrinha", a mais nova alternativa dos Cerrados

Uma nova ideia está se instalando na mente dos produtores de soja do cerrado piauiense, para driblar a recente desvalorização do câmbio, que vinha (e ainda vem) penalizando as culturas de exportação: o feijão-caupi, também conhecido como feijão macassar ou feijão-de-corda, até então uma cultura restrita aos pequenos agricultores do semiárido nordestino.

Claro que não se trata mais daquele feijão apelidado de “quebra-cadeira”, devido àquela incômoda posição de quem o colhia, tendo em vista que suas ramas se espalhavam pelo chão. Graças ao trabalho de pesquisa da Embrapa Meio-Norte, hoje existem cultivares de porte mais compacto e ereto, que possibilitam a mecanização da lavoura, do plantio até a colheita.

Na Fazenda Jatobá, localizada na Serra das Guaribas, município de Santa Filomena (PI), à altura do quilômetro 70 da rodovia BR-235/PI (Estrada Gilbués/Santa Filomena), estão sendo cultivados quase 400 hectares desse feijão Vigna unguiculata, tipo “sempre verde”, diferente do “carioca”, que tem consumo concentrado no sul do país e ainda não é tradicional entre os consumidores da região nordeste do Brasil.

“Quem já não comeu um feijão verde com farofa e vinagrete? Pois é deste feijão macassar que se faz este delicioso prato”, diz o imigrante sulista Erno Marcos Scherer, proprietário da Fazenda Jatobá, que está bastante otimista quanto ao rendimento do seu feijão safrinha, uma novidade nos cerrados do Piauí, cujas condições edafoclimáticas dificultam muito o cultivo na entressafra ou safrinha (período seco) e o estabelecimento de cobertura eficiente do solo.

Segundo Erno Scherer, o feijão caupi passa a ser uma nova opção de renda também para a agricultura empresarial no sudoeste do Piauí. “É uma alternativa para ser cultivada eventualmente em safrinha, após a colheita das principais culturas, podendo ainda se obter bons resultados, além de ser um alimento muito apreciado”, finaliza.

O estímulo ao plantio da leguminosa vem do preço: enquanto o feijão-carioca está cotado a 160 reais a saca de 60 quilos em Irecê (BA), o caupi chegou a valer 300 reais em algumas cidades do sudoeste baiano, como Barreiras e Luis Eduardo Magalhães. Por outro lado, no período de seca, na entressafra da soja, o plantio do feijão é feito em terras férteis, ricas em nutrientes. Isso faz com que pouca água seja suficiente para o desenvolvimento da planta.

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